22 maio 2012

FUI AO JAMOR VER A TAÇA...


          

          Fui no domingo ao Jamor, sim senhor!

          Mais para gozar a festa
          numa boa, sem ter pressa,
          que o final do campeonato,
          esse, sim, me deixou roto
          à beirinha da desgraça.
          Fui pr’apanhar na cabeça
          mas vim de lá com a taça!

          Comecei a festa cedo, sem ter medo!

          Sábado à noite, em Lisboa,
          onde o Museu de Arte Antiga
          se encheu de gente e de vida
          ao som do Alma de Coimbra
          que me deixou de alma cheia…
          Revi amigos da lida
          e o licor serviu de ceia!

          Estacionei na Cruz Quebrada, que maçada!

          Tinha almoço marcado
          c’os “Cromos” do facebook
          que esperavam do outro lado.
          À mesa foi uma alegria:
          Académica e União!
          Até Sporting havia…
          Era Coimbra, pois então!

          Já são horas de ir prò campo… deixa o banco!

          P’lo caminho que eu levava
          eram só verdes na estrada
          que gozavam sem maldade:
          - Mas porque vem de tão longe?
          Não quis ver pela televisão?
          - Mas eu, cá, vim de Lisboa…
          - Antes Briosa que Lampião!

          Vamos lá entrar prò estádio… tou lixado!

          Mas onde fica a tribuna?
          E os acessos pra peões?
          Vai de subir monte acima,
          a chocar com quem descia
          monte abaixo aos trambolhões.
          Deve haver lá uma entrada,
          penso eu c'os meus botões!

          Mas o que há é gente à nora… - E agora?

          Já estou na fila apertado;
          mas, se vou prò sítio certo
          ou vou dar a outro lado...
          ninguém sabe. Deus é grande!
          É um evento nacional!
          Cada qual se desenrasque…
          Viva, viva Portugal!

         Porra! Está quase na hora… e eu cá fora!

          E o jogo a começar
          e eu de bilhete na mão
          - Com licença, com licença…
          Viro as costas para o campo
          à procura do lugar.
          Há um bruá do caraças:
          é o Marinho a marcar!

          E aqui estou eu no Jamor… ai que dor!

          Vir cá e não ver o golo…
          - Ó amigo, não lamente!
          Foi você que nos deu sorte:
          ao virar costas ao campo
          pôs a Briosa na frente!
          Nunca mais virei as costas
          e o resultado foi rente...

          Do jogo nem vou falar… tá a andar!

          Deixo isso pra quem sabe;
          mas, da claque, eu asseguro
          - e ali, do sítio onde eu estava,
          posso bem aquilatar -
          que a BRIOSA era mais forte!
          E malta do topo sul
          abafou o topo norte!

          Seis minutos! Tá na hora… é agora!

          Para mal da lagartada
          - que estava por trás de mim
          e gritava, meio mosca,
          que queria ver o jogo -
          a malta não se sentava.
          Os cachecóis rodopiavam
          e o Sporting acordava.

          Sofridinho até ao fim… Ai de mim!

          E o Ricardo a segurar
          o que o Edinho esbanjara
          logo no reatamento.
          - Diz que quem não mata morre
          - Cale a boca seu jumento!
          O sor árbitro é que sabe
          e vai acabar o tempo!

          E assim que o árbitro apita… agora sim! É o fim!

          A malta nem acredita:
          abraços, pulos e gritos,
          quando inda há uma semana
          andávamos pela lama
          lá pela cauda dos aflitos!
          Mas agora a taça é nossa!
          Pró ano vai ser de gritos!

          BRIOOOOOOSA!!!!!!!    BRIOOOOOOSA!!!!!!!

          Descendo o vale do Jamor,
          de cachecol e palhinhas,
          vou gozando, cá nas minhas,
          sem pressa de acabar
          aquela tarde de glória!
          A malta ganhou a Taça!
          Voltámos a fazer História!

          Zé Veloso

6 comentários:

  1. Gostei imenso, Zé Veloso. A nossa Briosa conseguiu trazer mais um caneco...
    Força Rapazes!

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  2. Zé Veloso,
    Está excelente e expressa bem o que lá sentimos todos (mas eu vi o golo!). Grande dia!
    Abraço,
    Paulo Oliveira

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  3. O poema do Zé Veloso

    É certo que a ocasião
    foi de grande inspiração.
    Mas só p'ra quem é poeta
    e não p'ra qualquer pateta.
    Só quem sente e rima com arte
    e tem atenção redobrada
    a todas as reacções...
    Melhor que isto, só Camões!

    Um abraço,
    Marinela

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  4. Obrigado,
    Marinela!
    De facto,
    a taça é bela!
    Ganhá-la
    deu muito gozo!
    Um abraço,
    Zé Veloso

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  5. Saudades de Coimbra!
    Parabens Zé Veloso.Excelente!Gostei! !
    Tambem lá passai os meus verdes anos!!!Em 59 fiz a minha Queima, e até setenta e um lá fiquei a tirar a especialidade
    Nos doirados anos sessenta ficaram igualmente recordações extraordinarias
    Hoje,tenho dificuldade em ir a Coimbra.Conheço as casas,as ruas,as pedras da calçada,mas já não conheço as pessoas.
    sinto o vazio de uma cidade fantasma onde fui,desde os meus 10 anos no Liceu D.joão III, muito feliz
    Um abraço
    Carlos Mendes Ferreira

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    1. Caro Nabucodonozor,
      Compreendo muito bem o que diz. A nossa Coimbra não existia sozinha. Tinha consigo as pessoas.
      No meu caso a distância não se faz sentir tanto porque nasci na zona (Ançã), continuo a ter família em Coimbra e a escrita do blogue me tem até aproximado da cidade.
      Um abraço,
      Zé Veloso

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